segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Amor e horror

Amei como as mães defendendo o filho.
Como os bichos em eterna inocência, eu amei.
Foi tanto o meu amor que, depois de ti,
Meu coração se exilou de mim
Deixando nos escombros
Um arremedo de paz.

Amo do mesmo modo hoje, ainda, ainda...
Não importa se povoas outros mundos
Se roubaste outros corações incautos,
Se vibras de paixão, como vibraste em mim.

Amarei tua lembrança, teus gestos  descuidados
Teu riso nervoso e simulado
Teu corpo onde meu corpo repousava,
Teu hálito e tua pele sobre a minha.

Só o desassossego, a fome, o pranto,
O sufocar-me de tantas incertezas,
O morrer mil vezes ante tua ausência
E o nascer outras mil quando surgias,

Isso não posso amar.  Essa porção de mim
Estagnou-se pelo caminho, esvaneceu-se,
Morreu-se.

                                             HC




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