Numa
cidade localizada em algum lugar deste planeta, numa noite quente de verão e de
estrelas rutilantes, nasceu uma criança do sexo masculino a quem deram o nome
de Hélder, em homenagem
a um dos maiores santos nascidos na mesma terra.
Com o
passar dos anos, o garoto foi demonstrando uma personalidade conciliadora, um
jeito próprio e pouco comum de permanecer atento às necessidades dos que o
rodeavam. Se, por exemplo, um dos irmãos não sabia a lição da escola, ele
deixava de lado suas brincadeiras favoritas para ajudá-lo. Se os pais se
desentendiam, ele encontrava um meio de dirimir as rusgas entre os dois, ora os
estimulando a falarem sobre eles mesmos, ora ressaltando que eram os melhores
pais do mundo e que os filhos se sentiam felizes por tê-los como exemplos. Por
essa época ele já tinha uns doze anos. Sempre que se apresentava uma situação
em que alguém necessitasse de algo, ele surgia e, à sua maneira, tentava
dirimir a aflição do outro. Se um colega de escola não podia comprar um livro
para estudar as lições, ele tirava de sua mesada o pouco que ganhava, ia à
livraria e explicava ao livreiro que só possuía aquela quantia de dinheiro para
resolver o problema de um colega. Às vezes, ele permanecia na livraria uma
tarde inteira, tentando convencer o homem a vender o livro em prestações que
ele próprio assumia o compromisso de pagar. Quando seus argumentos não davam
resultado, ele ia a uma gráfica, mandava copiar as principais lições do livro
para si e oferecia o original para o colega.
Hélder
estava sempre de bem com a vida, e quando alguém lhe perguntava como andavam as
coisas, ele respondia: “tudo azul”. O professor de inglês da escola observou
que sempre que alguém ou ele mesmo indagava se ele estava bem, a resposta
era sempre a mesma: tudo azul. Daí começou a chamá-lo de Mr. Blue, apelido que
os demais professores e alunos da escola adotaram com carinho, embora ele não
tenha se envaidecido com o codinome, porque a bondade para ele era algo
natural, sem afetação.
Mr. Blue
sempre tinha um tempinho, depois da aula, para a explicação de uma matéria a um
colega, (embora a fome gritasse forte), ou para consolar um garoto que chorava
num canto da sala porque lhe haviam roubado os lápis.
Assim,
nosso jovem garoto atravessou a adolescência e completou quinze anos. Era um
rapaz desinibido, forte, de passos largos, os pés um pouco abertos,
jogando o corpo de um lado para o outro, o andar típico dos que vivem em paz
com a vida.
O rapaz
não era bonito nem feio, mas sua alma parecia iluminá-lo por fora e seus
pequenos senões físicos se obscureciam quando ele sorria. Todos o amavam. Em
casa era o preferido, na escola o mais procurado, entre os amigos o mais
festejado.
Mr. Blue
via os defeitos dos seus semelhantes como se passasse por dentro de uma nuvem,
sem julgar coisa alguma, pois sua noção de humanidade não incluía julgamentos
sobre os erros do próximo. Enfim, ele compreendia quando um amigo não lhe
pagava o dinheiro emprestado ou lhe negava a palavra como forma de se defender
da trapaça. Parece que ele havia nascido para compreender tudo e todos.
Mr. Blue
era um dessas pessoas que resguardaram a inocência original, sendo incapaz de
uma maledicência ou de uma grosseria. Às vezes, algum gaiato o chamada de
poeta, profético, iluminado. Mas ele não levava em consideração nada do que
diziam dele, porque sem nenhum esforço ele era assim. Os pais tinham orgulho
dele, sempre cordato e jamais reclamando de mais uma tarefa dentro de casa,
como cuidar dos irmãos menores, enquanto a mãe preparava o jantar.
Lúcia, a
irmã de quatro anos, não suportava ficar sem a presença de Hélder. Vivia em seu
encalço, pedindo-lhe os braços, querendo colo e só queria comer quando ele
estava perto. Se ele se afastava, ela saía por dentro da casa repetindo seu
nome até encontrá-lo no quarto dos fundos, brincando com seus jogos
eletrônicos. E continuando a jogar, ele vigiava a irmã para evitar que ela não
aprontasse alguma. Era um olho no jogo e o outro em Lúcia.
Aos vinte anos entrou na faculdade de psicologia, para compreender melhor a alma humana. Aos vinte e cinco casou-se com uma colega e tiveram um filho chamado Marcos.
Aos vinte anos entrou na faculdade de psicologia, para compreender melhor a alma humana. Aos vinte e cinco casou-se com uma colega e tiveram um filho chamado Marcos.
A cidade onde M. Blue nascera, crescera e se
casara, era uma sociedade comunitária. Todos haviam aprendido um pouco a dar,
trocar, ajudar e resolver os problemas uns dos outros.
Mr. Blue terminou
a faculdade e foi convidado para trabalhar numa clínica e fazer o que mais
gostava: ajudar as pessoas. Agora, com tantas técnicas, era-lhe mais fácil
ouvir e aconselhar quem dele necessitasse. Também dava assistência psicológica
a alunos de uma escola, três vezes por semana.
Tudo
parecia perfeito na vida desse rapaz.
Certo dia,
o Diretor da escola, Sr. Jarbas, pediu-lhe para comparecer à diretoria, no
final do expediente. Às dezoito horas, ele pegou seus livros, seu paletó e se
dirigiu ao gabinete do diretor.
O Sr. Jarbas lhe explicou que infelizmente o
assunto não era agradável de tratar, mas que se fazia necessário esclarecer.
Meio confuso, o rapaz perguntou de que se tratava.
— É algo que andam falando de você, Hélder.
— Mas, o que é exatamente?
— Eu não posso dizer, fui instruído apenas para lhe dizer que você não deverá frequentar a escola até que tudo fique esclarecido.
— Mas de que estou sendo acusado? Tenho direito de saber.
— Vá para sua casa e eu resolvo tudo por aqui.
— O senhor não acha que eu tenho direito de saber do que se trata?
— As coisas estão muito confusas no momento, Hélder. Nem sei por onde devo começar a enfrentar esse episódio. Só sei que sua presença na escola iria tumultuar mais ainda as coisas. Por isso lhe peço que se dê um tempo, fique com sua família.
— E o que o senhor sugere que eu diga em casa? O que devo dizer à minha mulher, ao meu filho, à minha família?
Diga-lhe que está com estafa e necessita de repouso.
— É algo que andam falando de você, Hélder.
— Mas, o que é exatamente?
— Eu não posso dizer, fui instruído apenas para lhe dizer que você não deverá frequentar a escola até que tudo fique esclarecido.
— Mas de que estou sendo acusado? Tenho direito de saber.
— Vá para sua casa e eu resolvo tudo por aqui.
— O senhor não acha que eu tenho direito de saber do que se trata?
— As coisas estão muito confusas no momento, Hélder. Nem sei por onde devo começar a enfrentar esse episódio. Só sei que sua presença na escola iria tumultuar mais ainda as coisas. Por isso lhe peço que se dê um tempo, fique com sua família.
— E o que o senhor sugere que eu diga em casa? O que devo dizer à minha mulher, ao meu filho, à minha família?
Diga-lhe que está com estafa e necessita de repouso.
— O senhor
está pedindo que eu invente uma história para enganar minha família? Quero a
verdade, Sr. Jarbas, apenas a verdade.
Estou sendo acusado de alguma coisa. Quero saber do quê.
— Um
aluno ou aluna andou se queixando de algumas atitudes de sua parte.
— Que
atitudes? Quem falou?
— Não me
deram permissão para revelar o nome da pessoa.
— O que
essas pessoas falaram?
— É
apenas uma pessoa.
— O que
essa pessoa disse?
— Vá para
casa rapaz, e espere a decisão do conselho.
— Todo
mundo sabe o que houve só eu não? Acha isso justo?
— Depois
que nos reunirmos e tomarmos uma decisão você será chamado.
Mr. Blue
foi para casa. Pela primeira vez em sua vida ele estava pesaroso. Não sabia o que dizer à sua mulher, ao filho
de oito anos e aos seus pais.
Falou
primeiramente com a mulher Leda sobre a estranha conversa
com o Sr. Jarbas. Não pode lhe dar detalhes porque não sabia de nada. Disse
apenas que o acusavam de algo, mas ele nada tinha feito de errado. Sua mulher o ouviu e disse que pela manhã
iria à escola saber o que eles não esclareceram. Hélder avisou que não seria de
bom tom, pois ele fora avisado de que deveria se manter longe da escola.
— Você
brigou com algum paciente, Hélder?
— Não, você sabe que não brigo com ninguém;
— O Sr. Jarbas comentou que falaram coisas a meu respeito.
— Que tipo de coisas?
— Não sei. Não tenho a mínima ideia. Estou apenas repetindo o que ele disse.
— Não, você sabe que não brigo com ninguém;
— O Sr. Jarbas comentou que falaram coisas a meu respeito.
— Que tipo de coisas?
— Não sei. Não tenho a mínima ideia. Estou apenas repetindo o que ele disse.
— Hélder,
o mundo enlouqueceu? Como podem fazer isso com um homem como você, que só
ajuda, só ouve, só aconselha e vive resolvendo problemas de todo mundo? Amanhã faremos uma reunião aqui em casa: seus
pais, seus irmãos, eu e o Marcos.
— O
Marcos?
— Sim,
antes que ele saiba no colégio o que estão dizendo do pai dele, é melhor lhe
prevenir.
— Tem
razão. Você chama todo mundo, então.
No dia
seguinte toda a família de Hélder estava reunida. Leda tomou a palavra e
explicou o que não sabia direito, mas tudo indicava que haviam feito uma coisa
horrível com seu marido. E o pior: não explicaram mais nada.
— Coisas
de que tipo? O que eles comentaram? Perguntou aflito o pai de Hélder:
— Era
essa a
maneira de agradecer por tudo que ele faz? De quem partiu esse absurdo?
— Não me
informaram nada, mãe. Apenas disseram que eu permanecesse distante da escola
por uns tempos. Acho que até ser apurado.
— Quem vai
apurar?
— A
princípio, os diretores da escola. É tudo que sei.
— Você tem
ideia de quem possa ter começado essa história?
— De jeito
nenhum. Ninguém me informou nada. Sei do caso tanto quanto vocês.
—
Eu os
chamei aqui, disse Leda, para que tomemos uma decisão e façamos alguma coisa.
— Vamos dar
parte à polícia antes que eles deem.
— Acho que
seria precipitado. Disse Hélder. É como pôr a carroça antes dos bois. E se for
uma bobagem?
— Então, o
que podemos fazer?
— Eu vou
lá falar com o diretor da escola, disse o pai de Hélder. Vou pedir para tomar
parte dessa reunião que vai haver.
— Pai, só
pode participar dessa reunião os membros do colegiado.
— Então
vou falar com o diretor dessa escola. Alguma coisa tem que ser feita.
— Acho
melhor esperarmos em que vai dar. Então tomaremos as decisões. Ficaremos de
sobreaviso. Nada podemos fazer por enquanto. Eu e Leda achamos que vocês tinham
que tomar conhecimento do que está se passando.
— Então, só
nos resta esperar. Você ficará bem, filho? Perguntou a mãe de Hélder.
— Não sei
ainda como ficarei, mãe. A coisa toda é muito absurda e repentina. Estou atordoado.
Não sei o que pensar disso tudo.
— Vá
descansar, filho, e procure não pensar muito sobre essa história. Eles mesmos
vão chegar à conclusão de que cometeram um erro. Você vai ver.
Despediram-se
e foram para suas casas. Mas Hélder não conseguia dormir. E, pela manhã, havia
chegado à conclusão de que deveria ir à escola, embora desacatando as ordens
recebidas.
Tomou seu
café matinal, arrumou-se, pegou sua pasta de livros e se dirigiu ao
estabelecimento escolar, mesmo que não fosse dia de atendimento aos alunos.
Ali chegando, não avistou nenhum dos seus
colegas de magistério. Saiu procurando por eles e encontrou todos na sala da
diretoria, a portas trancadas. Soube que eram eles porque escutou suas vozes.
Bateu na porta e um deles veio ver quem era. Ao se deparar com Hélder
perguntou-lhe se ele havia esquecido de que não deveria comparecer à
escola. Hélder o empurrou para um lado, entrou
na sala e se dirigiu aos colegas:
— Estou aqui
porque tenho direito de saber o que estão dizendo de mim, e quem disse. Vocês
devem compreender que minha situação é difícil: estou sendo acusado de algo que
não sei o quê, por alguém que não imagino quem seja. Não acho justo fazer isso com um ser humano. É
crueldade. Pela primeira vez na vida estou diante de sentimentos humanos que eu não conhecia. Estou
mais perplexo do que vocês.
— Mesmo
assim, professor Hélder, permaneça fora do âmbito desta escola até tudo ser
resolvido. Vamos conversar com a pessoa que fez a denúncia, depois ouviremos o
senhor.
Hélder
retornou à sua casa, mais triste e mais intrigado. Depois do almoço ele foi à
clínica onde trabalhava.
Três dias
depois ele recebeu um telefonema informando-lhe que deveria comparecer à escola
na manhã do dia seguinte. E para lá ele foi.
Encontrou
pais de alunos e todo o corpo docente reunidos na sala da diretoria. Ao entrar
no recinto sentiu sobre ele olhares hostis. A diretora fez uso da palavra para
explicar a razão de estarem reunidos. Uma aluna havia dito que o professor
Hélder havia mostrado suas partes íntimas a ela...
— Pois
chame essa aluna aqui e eu quero ver se ela vai repetir esse absurdo, disse
Hélder.
Não
podemos pressionar a criança, professor. Vamos pedir as autoridades policiais
para fazerem uma investigação. Então a menina será ouvida e, posteriormente, o
senhor.
— Os
senhores acreditam que sou capaz de uma atitude dessas?
— Vamos
esperar o resultado da investigação, professor. Até lá permaneça distante da
escola. É uma ordem.
Todos
saíram e Hélder permaneceu sentado. Esperou o retorno da diretora e lhe
explicou que tudo aquilo não passava de um absurdo e que ele não estava sabendo
ligar com a situação. Sentia-se deprimido e magoado com todos por imaginarem
que ele fosse capaz de fazer tal coisa. A diretora ponderou que os fatos tinham
de ser apurados, para seu próprio bem. Tudo o que ele tinha a fazer era
esperar.
Hélder
saiu da sala, mas não se sentia com ânimo de voltar para casa, nem ir à clínica,
nem ouvir o telefone tocando e sua mulher tentando acalmar seus pais. Foi
caminhando sem rumo e se deparou com uma praça onde havia alguns bancos
desocupados. Sentou-se num deles e ficou mergulhado em pensamentos sombrios.
Pela primeira vez em sua vida parecia estar perdendo a crença na humanidade.
Experimentou uma espécie de mágoa dirigida a todos e a ninguém especificamente.
Estava confuso, seus sentimentos feridos faziam doer sua alma. Dúvidas
começaram a inundar seu ser. Se o erro
fosse esclarecido, ele teria condição de continuar a olhar cada um dentro dos
olhos, sem ver a perfídia em todos? E se, mesmo depois do caso resolvido, ele
não pudesse ser o mesmo de antes? E os outros? Acreditariam no resultado da
perícia ou sempre haveria de pairar uma dúvida? Uma calúnia deixa sempre um
rastro de incertezas, um lodo, uma podridão naquele que foi caluniado.
Hélder pensou em desaparecer, em fugir para
outro Estado, morar no Amazonas junto com os índios, nunca mais vez nenhum
daqueles rostos que vira àquela manhã, cada um deles expressando uma sentença.
Não poderia suportar viver assim. Sua vida estava acabada, sem escapatória.
Assim pensando, lágrimas começaram a cair de seus olhos, enquanto o horror
crescia dentro dele. Nunca mais ele seria o mesmo. Nunca mais olhariam para ele
sem aquela suspeita corrosiva. O que Leda pensava dele, lá no fundo de sua
alma? Como ele poderia saber? Antes sabia tudo sobre ela, bastava um olhar e
tudo estava ali, dito, esclarecido, sem suspeitas. Essa história o fizera perder
as melhores coisas da vida: a confiança que depositaram nele e a fé que o fazia
se atirar de corpo e alma para ajudar o outro. Era como se ele estivesse
morrendo, à medida que a podridão humana invadia seus poros, com a fúria de uma
avalanche.
Hélder
passou a tarde no banco da praça e não sentia nenhuma vontade de ir a qualquer
lugar. Sua casa perdera o encanto, o
brilho. Era agora um espelho quebrado. Dirigiu-se
a uma igreja na tentativa de conversar com um padre, mas encontrou a igreja
fechada. Não queria voltar para sua casa, nunca mais. Todos os seus sonhos
morriam um depois do outro e ele se viu como uma árvore oca, que já não
serve
para nada.
Um imenso
desespero se aposseou dele, certo de que dali e cem anos as pessoas ainda o veriam
como um canalha. Não poderia suportar isso. Faltava-lhe a coragem de ser bom
novamente. Deveria nunca ter compreendido ninguém. Se crucificaram um homem que
viera à terra apenas para trazer o bem à humanidade, o que não fariam com ele,
pobre mortal, os amigos lhe virando as costas, passando por ele como se não o
conhecesse?
Hélder
levantou-se do banco e continuou sua jornada sem rumo. Lembrou-se do mar e foi na
direção
dele. Já era noite, ele não sentia forme, nem cansaço. Só um imenso vazio. Queria
continuar andando, andando, sem voltar jamais. Nunca mais queria ver um
professor ou um aluno daquela escola. Iria em direção ao mar porque isso o
fazia se distanciar do seu mundo.
Chegou à praia e ficou ouvindo o rumor das
vagas. A noite estava escura, sem luar, sem estrelas. Tirou os sapatos e molhou
os pés. A água estava cálida, acolhedora. Nada o recriminava ali. Pelo
contrário, as ondas o abraçavam como uma mulher desejosa de ser amada. Mr. Blue
experimentou uma enorme vontade de se envolver nas ondas, deitar-se nelas, ir para
onde elas quisessem levá-lo. Em seu desespero desejou atravessar
o oceano e esbarrar no velho mundo, como um mero desconhecido ou alguém que
acabara de nascer. A esse pensamento seu corpo foi penetrando na escuridão do
mar. Caminhou ainda mais. Ele não sentiu nenhum medo. A água batia-lhe na
cintura. Avançou mais. Agora, ela alcançava seu dorso. Ele queria mais.
Caminhou por entre ondas turbulentas sem olhar nem uma vez para trás. Seu rosto inundou-se de água salgada. Ele recebia
a aspereza do mar como um outro carinho. Seu destino era seguir. Talvez encontrar do outro lado o oposto do que estava
vivendo. As águas salgadas lhe molharam o rosto. Ele prosseguiu. O mar era uma
imensa cama e ele se sentia cansado demais para retornar a algum lugar. De
repente, ondas gigantescas tragaram seu corpo e ele se deixou ir para as profundezas
escuras. Experimentou uma indizível paz. Tudo ficara para trás. Mr. Blue não
mais existia. Sob as ondas havia apenas Hélder.
No dia seguinte, o corpo de Mr. Blue ainda não tinha surgido das profundezas que o haviam tragado e já se desvendava o absurdo de uma história inventada por uma criança tomada por uma crise de ciúmes.
No dia seguinte, o corpo de Mr. Blue ainda não tinha surgido das profundezas que o haviam tragado e já se desvendava o absurdo de uma história inventada por uma criança tomada por uma crise de ciúmes.
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