quarta-feira, 13 de maio de 2015
Outra Pérola de Cecília Meireles
És precária e veloz, felicidade
Custas a vir e quando vens não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo
E, para te medir, se inventaram as horas.
Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.
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Percebam a coesão dos versos, a linguagem bem aplicada,
denotando o poeta ter profundo conhecimento da nossa língua. Observe-se o verso:
"E, para te medir, se inventaram as horas."
Esse se inventaram é maravilhoso...
Perceba-se, sobretudo, o laivo de amargor que existia na alma de Cecília Meireles, bem claro neste e no poema anterior que publiquei neste blog, em que ela decididamente não aceita a velhice, com seus calados, suas reclusões, as rugas, as mãos já não tão ágeis para tecer, para fazer o pão, para escrever. Mas com que elegância e tristeza ela se refere a esse momento da vida, quando as coisas se modificam fora e dentro do ser humano de modo inexorável.
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