sábado, 16 de maio de 2015

Violência e Paixão

 Assisti, pela enésima vez, um filme cujo título é: Violência e Paixão, do cineasta italiano Luchino Visconti. Relata a história de um homem solitário, que vive numa casa imensa repleta de livros e obras de arte, acompanhado apenas de sua governanta.
 Um dia, ele se vê forçado a alugar a parte de cima da casa para três jovens, uma garota e dois rapazes, insuflado pela mãe da menina. Com isso, termina o sossego do homem que se vê subitamente enredado nas contínuas brigas e reconciliações dos quatro personagens.
 Certa noite ele está recolhido em seu quarto, lendo, quando escuta uma música altíssima vinda lá de cima. Injuriado, ele se veste e vai até lá. Encontra os três jovens despidos, chapados,  dançando e se abraçando ao som de uma música de Roberto Carlos, A Distância, traduzida para o italiano, na linda voz de Iva Zanicchi. 
 O final do filme é surpreendente: o homem  se acostuma ao rebuliço provocado pela nova família que invadiu sua casa e simplesmente não resiste quando, após um crime, as chaves do apartamento lhe são devolvidas.  Vale ver a atuação de Burt Lancaster (o solitário) e da mãe da garota, Silvana Mangano.
 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Cecília Meireles, outra vez

  

MOTIVO

Eu canto porque o momento existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço, ou me desfaço,
- não sei, não sei.  Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Outra Pérola de Cecília Meireles



És precária e veloz, felicidade
Custas a vir e quando vens não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo
E, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.


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Percebam a coesão dos versos, a linguagem bem aplicada,
denotando o poeta ter profundo conhecimento da nossa língua. Observe-se o verso:
"E, para te medir, se inventaram as horas."
Esse se inventaram é maravilhoso...

Perceba-se, sobretudo, o laivo de amargor que existia na alma de Cecília Meireles, bem claro neste e no poema anterior que publiquei neste blog, em que ela decididamente não aceita a velhice, com seus calados, suas reclusões, as rugas, as mãos já não tão ágeis para tecer, para fazer o pão, para escrever. Mas com que elegância e tristeza ela se refere a esse momento da vida, quando as coisas se modificam fora e dentro do ser humano de modo inexorável.

Ainda Cecília Meireles



      RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje
assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
 
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Um poema de Cecília Meireles

"Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar. Por que
havemos de ser unicamente
humanos, limitados em chorar?
Não encontro caminhos fáceis
de andar. Meu rosto vário
desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar."

domingo, 10 de maio de 2015

Imagine viver num mundo assim, sonhado por John Lennon


 Imagine – John Lennon

Imagine que não há paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazer
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será como um só

Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade do Homem
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo

Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo viverá