terça-feira, 10 de março de 2015

     O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, cita pensamentos do poeta que jamais foram expressos em sua poesia ou prosa. É como se ele escrevesse para si próprio, sem censura, sem pejo do que fossem pensar a seu respeito. Há uma total descrença de tudo nesse livro. Um deboche aos que perdem tempo com o amor, conversas ao redor de uma mesa posta para um chá, visita a um amigo. São eventos sem qualquer significação para ele. Quando diz que “a loucura chamada afirmar, a doença chamada crer, a infâmia chamada ser feliz — tudo isto cheira a mundo, sabe à triste coisa que é a terra”, está realmente declarando que nada vale a pena, nem a poesia, nem os sonhos, nem a vida. Ainda assim, o livro é de uma grandeza sem par.

                                                                              Comentário de Helena Cunha.


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