sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A Arte

   O mundo demonstra que sempre foi o mesmo, desde o princípio. Pelo que se pode constatar, sempre houve violência, política desrespeitando os interesses do povo, subserviência, dominação daqueles que possuem o poder nas mãos. Se observarmos a história veremos coisas terríveis e outras magníficas advindas do homem. As terríveis foram a Inquisição, a primeira guerra mundial, a segunda com o Holocausto, apenas como exemplos. Dentre as magníficas, o aparecimento dos filósofos, do maior gênio de todos os tempos, Leonardo Da Vinci, da literatura de Camões, Dante, Pe. Antônio Vieira e outros, bem assim os grandes compositores da música erudita.
  Hoje ouvi o Concerto nº 7, para piano e orquestra, de Bach, e experimentei uma emoção que me tomou por inteiro, misturada à gratidão por ele ter nascido, um dia, e criado obras tão grandes que serviram de ensinamento aos compositores posteriores. E compreendi que de tudo que a humanidade fez, a arte foi que prevaleceu  como saneadora da alma humana, como lembrete para o qual fomos criados. Não fosse a arte, seríamos apenas homens que contam moedas, como diz Exupéry no "O Pequeno Príncipe".  Toda a diferença dos homens reside na grandeza da arte. É ela que toca nossos mais nobres sentimentos e nos deixa, de repente, com vontade de sermos melhores. Ouvir um Concerto de Bach, uma Sonata de Mozart, um Prelúdio de Chopin é tocar as estrelas, é sair do disse-que-me-disse cotidiano, é não se importar com nada além do lugar para onde a música nos transporta. A arte é quem ainda traz movimentação às camadas mais sobrenaturais da Terra, porque tudo o mais empobreceu, degenerou-se. Não fosse por ela talvez não tivéssemos nenhuma saída.
  O amor também poderia ter sido outra grande arma contra a sedimentação humana. Mas o amor também se perdeu dentro de si próprio, tornando-se o labirinto mais complicado, misterioso e sofrido dos homens. De intacto mesmo, só restou a arte. Com sua eterna pureza, sua capacidade de tocar  os pontos mais sensíveis de nossa alma, de saciar nossa dor e acordar nosso êxtase, ela nos fornece o alimento vital que os homens esqueceram de preservar ao longo dos tempos.  A arte nos faz lembrar que fomos feitos para coisas maiores e nos aproxima  da nossa verdadeira essência espiritual, tão esquecida no meio de tantas matanças, guerras, terrorismo e ausência completa de compaixão. Países abrindo as portas a povos de outros países que, prevalecidos dessa boa vontade, matam centenas de pessoas numa única noite. E por aí vai mostrando o que somos na realidade.  Mas sempre existirá Bach com seus eternos concertos à espera de serem ouvidos e  mudar a essência dos homens.

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